
O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, considerou esta segunda-feira que a “energia positiva” em torno da Capital Europeia da Cultura (CEC) Évora_27 “é mais importante” que os desentendimentos relacionados com a liderança do projeto.
“Essa energia positiva e essa vontade conjunta de afirmar o projeto com êxito é muito mais importante do que qualquer situação, que acontece sempre em qualquer candidatura ou projeto”, afirmou o responsável.
Aguiar-Branco falava aos jornalistas após uma reunião com a direção da associação gestora da CEC Évora_27, realizada na sua sede, na cidade alentejana, integrada no roteiro “Parlamento Próximo” dedicado a este distrito.
O presidente do parlamento foi questionado pelos jornalistas sobre o facto de programadores e comissários de outras CEC europeias terem expressado junto do executivo comunitário preocupação sobre a saída de Paula Mota Garcia da coordenação da Equipa de Missão.
Na resposta, Aguiar-Branco disse ter constatado que “há uma energia positiva” na equipa que está à frente da Associação Évora 2027, sublinhando que o projeto da CEC “reúne consenso no que diz respeito aos objetivos a atingir”.
“Fiquei com a ideia de que há uma energia positiva e uma vontade de ultrapassar todas as pequenas coisas que possam acontecer”, vincou, apontando que o objetivo é que a iniciativa “seja um êxito” e que valorize a região e o país no contexto europeu.
Mostrando-se convencido de que a CEC Évora_27 “vai unir e sair seguramente vencedora”, o presidente da Assembleia da República reconheceu, no entanto, que a iniciativa tem tido “aqui e acolá situações que são perturbadoras”, sem concretizar.
“Há uma vontade e um sentido de Estado em relação ao que está em causa, que será seguramente superior a qualquer outro problema”, realçou.
Aguiar-Branco frisou que quis “tomar conhecimento do projeto para, nas suas magistraturas de influência, também poder dar visibilidade e contribuir para se ultrapassar o que possam ser algumas pedras pelo caminho”.
O programa do presidente do parlamento arrancou em Portel, com uma reunião com a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, e passou por Évora, com visitas à associação da CEC, às universidades e ao Núcleo Empresarial da Região de Évora.
Uma visita à exposição comemorativa dos 500 anos de Camões no Paço Ducal de Vila Viçosa, uma reunião com presidentes de câmara do distrito e apresentação da candidatura de “Vila Viçosa – Vila Ducal Renascentista” a Património Mundial da UNESCO foram outros pontos da agenda.
A coordenadora da candidatura de Évora a CEC, Paula Mota Garcia, demitiu-se, em outubro, por considerar que “não estavam reunidas as condições” para continuar, e apontou atrasos na constituição da associação gestora da CEC, formalizada apenas em fevereiro de 2024.
Dias depois da demissão de Paula Mota Garcia, tomou posse a direção da associação gestora de Évora_27, tendo sido escolhida a jurista Maria do Céu Ramos para a presidir.
A associação conta também com os recém-nomeados António Costa da Silva como diretor financeiro e Bruno Fraga Braz como diretor de comunicação e alcance, estando ainda por anunciar a direção executiva e a direção artística.
Esta mudança levantou preocupações junto dos responsáveis de outras sete CEC – atuais e futuras -, que escreveram uma carta à Comissão Europeia, também numa altura em que está em curso uma revisão do atual modelo CEC, que termina em 2033.
Está previsto que a presidente da Associação Évora 2027, Maria do Céu Ramos, seja ouvida no parlamento sobre a organização e planeamento da CEC Évora_27.